terça-feira, 17 de maio de 2016

Verdade na balança: caldo de cana custa mais que gasolina e batom sai mais caro que avião executivo


Um quilo de avião? Oi?

Você já deve ter se perguntado se os preços de determinados produtos são justos. A intenção desta matéria é mergulhar você, leitor, numa grande confusão ao comparar o preço do litro e do quilo de determinados produtos. Dá pra perder o sono num mercado onde nem tudo vale o quanto pesa. Acredite, num mundo em que tudo fosse vendido pelo valor do litro ou do quilo, o batom que colore as bocas custaria mais caro do que um avião executivo. E um automóvel popular sairia mais barato que o quilo de manjericão para temperar sua pizza. Afinal, o que custa mais caro, um barril com 159 litros de petróleo, o quilo de um automóvel popular ou um litro de adoçante? 

Numa loja de shopping, a consumidora pode optar entre as dezenas de cores dos esmaltes com as grifes Flávia Alessandra, Juliana Paes ou Preta Gil. Se optar pelos de Gio Antonelli – o mais caro entre os que levam nomes de artistas globais - vai desembolsar R$ 5,99 por 8 ml do produto. Assim, um único litro de esmalte custaria R$ 748,75. O preço equivale a mais de 4,5 barris de petróleo – com seus 158,98 litros em cada barril – cotado em US$ 46,17 (R$ 162,93 na conversão das moedas no dia do fechamento desta matéria). A cotação final do barril equivale a muito menos que um único litro de adoçante Stevia que – por R$ 16,59 a embalagem de 80 ml – custaria R$ 207,37.

Mas a comparação pode se tornar ainda mais dramática. Vendido por R$ 79,90 o tubo com 3,5 gramas, o batom MAC Viva Glam Miley Cyrus custaria, se vendido por quilo, a fábula de R$ 22.257. Fabricado pela Embraer, o EMB 820 C Navajo – aquele avião que fez um pouso forçado com Luciano Huck, Angélica e os filhos - é uma aeronave executiva com dois motores e que pesa 1.782 quilos. Para ter um destes, o consumidor deverá desembolsar em torno de R$ 800 mil. Se fizer as contas, o preço do quilo do EMB 820 C Navajo custará R$ 448,93. Ainda bem mais barato que o batom da Miley Cyrus ou o esmalte da Giovanna...

Do hangar para o supermercado, dez gramas de manjericão custam R$ 2,79, o que leva o preço do tempero aromático das pizzas Marguerita para R$ 279 o quilo. O preço equivale a mais de seis quilos de filé mignon. 

Antes de tudo acabar em pizza, o orégano – vendido em embalagens de 10 ml – custa, na verdade, R$ 255 o quilo. O litro da deliciosa água de coco em nossos supermercados (R$ 7,35 em média) e o do quase artesanal caldo de cana (R$ 4,50 em média) custam mais que o litro da gasolina. Como pode um líquido extraído de frutos ter preço mais alto do que um derivado de mineral que precisa passar por refinarias, estocagem, transporte e outros processos tecnológicos?

Com suas 494 calorias e 817 mg de sódio, o Big Mac custa R$ 13,50. A combinação de dois hambúrgueres, alface, queijo e molho especial, cebola e picles num pão com gergelim pesa em torno de 200 gramas. Um quilo do sanduíche - R$ 67,50 – sairia o dobro do preço do carro popular Gol devidamente fatiado. Cotado em torno de R$ 35 mil, o veículo da Volkswagen pesa 1.043 quilos. Feitas as contas, ele custa R$ 33,55 o quilo. Se deixar de comprar pouco mais de dois mil sanduíches, você sai por aí de carro novo. 

Quem sabe as concessionárias de automóveis devessem expor os preços de seus produtos pelo valor do quilo? O cliente talvez se sentisse muito mais atraído pelas ofertas em cartazes semelhantes aos do varejo de supermercado – principalmente nestes tempos de crise.

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